Direitos da Advocacia
10/11/2023Publicidade na Advocacia
13/11/2023Mandato Advocatício: Conceito
O mandato advocatício é a base jurídica que autoriza e habilita um advogado a representar e agir em nome de seu cliente. Trata-se de um relacionamento fiduciário entre o advogado (mandatário) e o cliente (mandante), onde o primeiro recebe poderes para atuar em assuntos jurídicos e processuais em nome do segundo. Esse relacionamento é formalizado através de uma procuração e é regido por normas legais e éticas, sendo essencial para a prática da advocacia.
Postulação e Procuração (Art. 5º, EAOAB):
- Representação em Juízo: O artigo 5º da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB) estabelece que o advogado postula em juízo ou fora dele, fazendo sempre prova do mandato. Isso significa que o advogado age em nome do cliente em ações judiciais ou em outros contextos legais, sendo essencial a apresentação de uma procuração que confirme tal autorização.
- Atuação sem Procuração em Urgência: O § 1º do mesmo artigo permite que, em situações de urgência, o advogado atue sem a procuração, obrigando-se a apresentá-la dentro de 15 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período. Esta disposição visa a agilidade e a eficiência na representação legal em situações críticas.
- Procuração para o Foro em Geral: Conforme o § 2º, a procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais. Isso oferece ao advogado uma ampla capacidade de representação, ressalvadas situações específicas que requerem uma autorização mais detalhada.
Exemplo Prático: Imagine uma situação em que um cliente precisa de representação jurídica imediata devido a uma ação judicial inesperada. O advogado pode intervir rapidamente, mesmo sem a procuração em mãos, garantindo que os direitos do cliente sejam defendidos sem atrasos. Após a intervenção inicial, o advogado tem um prazo legal para regularizar a situação mediante a apresentação da procuração.
Conclusão: O mandato advocatício é um elemento crucial da relação entre advogado e cliente, assegurando que o advogado tenha a autoridade necessária para agir em nome do cliente em diversos contextos legais. A legislação fornece flexibilidade para atuação em situações urgentes, ao mesmo tempo que estabelece os limites e requisitos para uma representação adequada e eficaz.
2. Poderes do Mandato: Ad Juditia e Ad Juditia et Extra
No contexto do mandato advocatício, a legislação prevê duas modalidades principais de poderes conferidos ao advogado: ad juditia e ad juditia et extra, conforme descrito no § 2º do artigo 5º do Estatuto da Advocacia e da OAB (EAOAB) e ilustrado na doutrina de Isabella Almeida.
Ad Juditia (Poderes Gerais para o Foro):
- Esta modalidade de procuração autoriza o advogado a praticar atos judiciais básicos em qualquer juízo ou instância. Trata-se de uma autorização ampla que cobre a maioria das ações rotineiras em processos judiciais. Por exemplo, um advogado com uma procuração ad juditia pode apresentar petições, participar de audiências e realizar outros atos processuais comuns.
Ad Juditia et Extra (Poderes Especiais):
- Poderes ad juditia et extra são necessários para atos específicos que vão além das atividades judiciais rotineiras. A legislação exige essa modalidade de procuração para ações como celebrar acordos, dar quitação, ou prestar declarações específicas em processos como inventários. Esses poderes especiais devem ser expressamente indicados na procuração.
- O artigo 105 do Código de Processo Civil (CPC) fornece exemplos claros de atos que necessitam de poderes especiais, como confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, entre outros.
Exemplo Prático: Considere um caso de inventário. Para que um advogado possa prestar as primeiras e últimas declarações em nome do inventariante, é necessário que sua procuração inclua poderes ad juditia et extra específicos para essa finalidade, conforme o art. 618, III, do CPC.
Importância da Distinção: Essa diferenciação entre os tipos de poderes no mandato advocatício é essencial para delimitar a extensão da atuação do advogado. Enquanto a procuração ad juditia permite a realização das atividades cotidianas em processos judiciais, a ad juditia et extra é reservada para atos que exigem uma autorização mais específica e explícita do cliente, garantindo assim maior segurança jurídica e alinhamento com as expectativas e intenções do cliente.
3. Independência da Advocacia
A independência da advocacia é um princípio fundamental que garante ao advogado a liberdade e a autonomia para exercer sua profissão sem interferências externas, seja do Estado, de outros poderes, de seus clientes ou de terceiros. Esta independência é essencial para a manutenção da justiça e do Estado de Direito, assegurando que o advogado possa representar os interesses de seu cliente de maneira eficaz e ética.
Características da Independência da Advocacia:
- Autonomia Profissional: O advogado tem liberdade para determinar a melhor maneira de conduzir um caso, escolhendo as estratégias jurídicas e os procedimentos mais adequados, baseado em sua expertise e julgamento profissional.
- Liberdade de Expressão e Atuação: A independência assegura que o advogado possa expressar suas opiniões e realizar sua atuação profissional sem temer represálias, pressões ou influências indevidas.
- Defesa dos Direitos do Cliente: Permite ao advogado defender os direitos e interesses de seu cliente de forma íntegra e diligente, mesmo que isso signifique contrariar interesses poderosos ou enfrentar opiniões adversas.
Importância no Contexto do Mandato: No contexto do mandato advocatício, a independência garante que o advogado possa atuar sempre no melhor interesse do cliente, mas sem estar sujeito a direcionamentos que comprometam a ética ou a legalidade de sua atuação. Isso significa que, embora o advogado deva sempre considerar as instruções de seu cliente, ele não é obrigado a seguir ordens que sejam contrárias às normas legais ou éticas da profissão.
Desafios e Responsabilidades:
- A independência da advocacia também impõe ao advogado a responsabilidade de manter uma postura ética e íntegra, evitando conflitos de interesse e assegurando a confidencialidade e o sigilo profissional.
- Em situações onde as instruções do cliente entram em conflito com a lei ou com os princípios éticos da advocacia, o advogado tem o dever de recusar-se a cumprir tais instruções, podendo até renunciar ao mandato, se necessário.
Conclusão: A independência da advocacia é um pilar essencial para a eficácia do sistema jurídico e para a proteção dos direitos fundamentais. Ela assegura que o advogado possa servir à justiça e ao seu cliente com liberdade, diligência e integridade, desempenhando um papel crucial na administração da justiça.
4. Validade do Mandato
A validade do mandato advocatício é um aspecto crucial que determina a extensão e a duração da autoridade conferida ao advogado para agir em nome do seu cliente. Este conceito é central para a relação de confiança entre advogado e cliente e tem implicações significativas tanto para a prática legal quanto para a proteção dos direitos do cliente.
Aspectos da Validade do Mandato:
- Duração: De acordo com o Art. 18 do Código de Ética e Disciplina (CED) da OAB, o mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, salvo se o contrário for consignado no respectivo instrumento. Isso significa que o mandato permanece válido enquanto não houver uma disposição expressa para sua conclusão ou até que seja revogado ou renunciado.
- Formalidades Legais: Para que um mandato seja válido, ele deve cumprir certas formalidades legais, como estar expresso em uma procuração, que deve conter detalhes essenciais como a identificação do advogado e do cliente, a extensão dos poderes concedidos e, em alguns casos, a especificação de poderes especiais.
- Condições Específicas: Em determinadas situações, a lei exige condições específicas para a validade do mandato. Por exemplo, para ações que requerem poderes especiais, estes devem estar claramente indicados na procuração.
Importância da Cláusula de Duração:
- Flexibilidade e Segurança: A possibilidade de estabelecer uma cláusula de duração no mandato oferece flexibilidade para adaptar o acordo às necessidades específicas do caso e do cliente, ao mesmo tempo que assegura a continuidade da representação legal sem a necessidade de renovação constante da procuração.
- Prevenção de Incertezas: Estabelecer claramente a duração do mandato pode prevenir incertezas e disputas sobre a autoridade do advogado para agir em nome do cliente, especialmente em casos prolongados ou complexos.
Conclusão: A validade do mandato é uma das pedras angulares da relação entre advogado e cliente, assegurando que o advogado tenha a autoridade necessária para agir de forma efetiva e conforme as expectativas do cliente. A capacidade de estabelecer uma duração específica para o mandato, juntamente com a observância das formalidades legais, proporciona a estrutura necessária para uma representação jurídica eficaz e segura.