Significado de Revolução Industrial
21/04/2024Segunda Revolução Industrial e questões jurídicas
22/04/2024A primeira revolução industrial foi o período histórico que ocorreu entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX, principalmente na Grã-Bretanha, em que houve uma série de inovações tecnológicas, econômicas e sociais que transformaram radicalmente o modo de produção, alterando as relações entre as forças produtivas e as relações de produção.
Nesse período, observou-se um incremento significativo na tecnologia e no uso de energia, que permitiram aumentar a produtividade industrial e comercial. Por exemplo, a importação inglesa de algodão, matéria-prima para a indústria têxtil, subiu dez vezes de 1750 a 1779, enquanto a exportação inglesa de tecidos, produto industrializado, subiu vinte vezes de 1750 a 1800. Esses números são resultado da introdução de novas máquinas, como a Spinning Jenny (1764), que aumentou em 25 vezes a produção de fios; a máquina a vapor de Watt (1769), que introduziu o vapor como força motriz; e a Spinning Mule (1779), que aumentou em 300 vezes a produção de fios.
Os elementos simbólicos da primeira revolução industrial são o carvão, o vapor, o ferro e a máquina. O carvão é a fonte de energia que alimenta as máquinas a vapor, que por sua vez movimentam as máquinas industriais e os transportes, como as locomotivas e os navios. O ferro é o metal que compõe as máquinas, as ferramentas, as armas e as estruturas, como as pontes e as ferrovias. A máquina é o instrumento que realiza o trabalho produtivo, substituindo ou complementando a mão de obra humana ou animal.
A introdução das máquinas provocou uma profunda transformação no trabalho, que passou de artesanal para industrial. No artesanato, a qualidade e o volume da produção dependiam da habilidade, da força e do empenho do trabalhador, que controlava todo o processo produtivo, desde a escolha da matéria-prima até a venda do produto final. Na indústria, a qualidade e o volume da produção dependem da máquina, que padroniza e acelera o processo produtivo, enquanto o trabalhador se limita a acionar a máquina e a alimentá-la de matéria-prima. Assim, o trabalhador perde a autonomia e a criatividade do seu trabalho, tornando-se subordinado ao capital, que é o proprietário dos meios de produção.
Impactos
Os impactos da revolução industrial foram sentidos em diversos setores da sociedade:
- Agricultura
A agricultura também foi beneficiada pelas inovações tecnológicas, que permitiram aumentar a produção de alimentos para os trabalhadores urbanos e de matérias-primas para a indústria, como o algodão, o linho, o couro e a lã.
Além disso, a agricultura passou por um processo de modernização, que envolveu a introdução de novas técnicas, como a rotação de culturas e a drenagem de pântanos, e de novas máquinas, como o arado de ferro e a debulhadora.
A modernização da agricultura também implicou na concentração de terras e no êxodo rural, que deslocou milhares de camponeses para as cidades, onde se tornaram operários.
- Urbanização
A urbanização foi outro fenômeno marcante da revolução industrial, que resultou do crescimento da população e da migração do campo para a cidade, em busca de oportunidades de trabalho e de consumo.
As cidades se expandiram e se transformaram em centros de serviços, como comércio, finanças e transportes, que atendiam às necessidades da indústria e da população.
No entanto, as cidades também se tornaram palco de miséria e insalubridade, especialmente nos bairros operários, onde as condições de vida eram precárias, com habitações superlotadas, falta de saneamento básico, poluição, doenças e violência.
- Estrada de ferro
A estrada de ferro é o ícone da industrialização europeia, pois representa o avanço dos transportes e das comunicações, que possibilitaram a integração do mercado interno e externo, o escoamento da produção, o abastecimento das cidades, a circulação de pessoas, de informações e de ideias. Em 1830, havia apenas algumas dezenas de quilômetros de ferrovias na Europa; em 1840, havia 7.200 km; em 1850, chegava-se a 37.000 km.
A estrada de ferro era, ao mesmo tempo, um meio de transporte de cargas e passageiros, um investimento lucrativo e um estímulo à indústria, que demandava mais carvão, ferro, máquinas e mão de obra para a construção e a manutenção das ferrovias.
Questões jurídicas
A primeira revolução industrial trouxe consigo diversas questões jurídicas que desafiaram os conceitos e as normas vigentes na época. Entre elas, podemos destacar:
– A proteção dos direitos dos trabalhadores, que eram explorados nas fábricas, submetidos a jornadas extenuantes, salários baixos, ambientes insalubres e riscos de acidentes. A legislação trabalhista demorou a se desenvolver e a garantir direitos como o limite de horas de trabalho, o descanso semanal, a proibição do trabalho infantil e feminino, a sindicalização, a greve e a previdência social.
– A regulação da propriedade intelectual, que visava a incentivar e a proteger as invenções e as inovações tecnológicas que impulsionavam a industrialização. As patentes, os direitos autorais e as marcas registradas eram formas de reconhecer e de recompensar os inventores e os criadores, mas também geravam conflitos e disputas entre eles e entre as empresas concorrentes.
– A responsabilidade civil, que dizia respeito à reparação dos danos causados por defeitos nos produtos ou nos serviços prestados pelas indústrias aos consumidores ou a terceiros. A questão da culpa, do nexo causal, da extensão e da forma da indenização era complexa e exigia uma nova abordagem jurídica, que levasse em conta os interesses e os direitos das partes envolvidas.
– A intervenção do Estado na economia, que buscava a conciliar os interesses do capital e do trabalho, do mercado e da sociedade, da liberdade e da igualdade. O Estado tinha o papel de regular, fiscalizar, tributar e incentivar as atividades industriais, bem como de prover infraestrutura, educação, saúde e segurança pública. No entanto, o equilíbrio entre essas funções era difícil de ser alcançado e variava conforme as ideologias e as políticas adotadas pelos governos.
Aspectos | Detalhes |
---|---|
Período | Segunda metade do século XVIII ao início do século XIX |
Localização Principal | Grã-Bretanha |
Inovações Tecnológicas | Introdução de novas máquinas como a Spinning Jenny (1764), a máquina a vapor de Watt (1769), e a Spinning Mule (1779) |
Elementos Simbólicos | Carvão, vapor, ferro e a máquina |
Transformação do Trabalho | Passagem de artesanal para industrial |
Impactos na Agricultura | Aumento na produção de alimentos e matérias-primas, modernização da agricultura, concentração de terras e êxodo rural |
Urbanização | Crescimento da população e migração do campo para a cidade, expansão das cidades e surgimento de condições de vida precárias nos bairros operários |
Estrada de Ferro | Avanço dos transportes e das comunicações, integração do mercado interno e externo, escoamento da produção, abastecimento das cidades, circulação de pessoas, informações e ideias |
Questões Jurídicas | Proteção dos direitos dos trabalhadores, regulação da propriedade intelectual, responsabilidade civil, intervenção do Estado na economia |