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27/10/2023Sigilo Profissional na Advocacia
30/10/2023Introdução
A advocacia, uma profissão essencial na administração da justiça e na manutenção do Estado Democrático de Direito, carrega uma série de responsabilidades significativas. Guiados pelo Código de Ética e Disciplina (CED) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os advogados são incumbidos de deveres que transcendem a representação de interesses individuais, atingindo o âmbito da coletividade e da integridade do sistema jurídico. Esses deveres são indispensáveis, garantindo a legitimidade, o respeito e a eficácia da profissão jurídica.
Deveres da Advocacia
De acordo com o Art. 2º, parágrafo único do CED, os advogados têm os seguintes deveres:
- Preservar a honra, nobreza e dignidade da profissão (I): Os advogados devem conduzir-se com integridade e respeito, sustentando a alta estima da advocacia e reforçando a importância e a seriedade de seu papel na sociedade.
- Atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé (II): Este dever engloba uma série de valores éticos fundamentais, exigindo que os advogados sejam transparentes, justos, respeitosos e verdadeiros em todas as suas práticas profissionais, independentemente de pressões externas ou interesses pessoais.
- Zelar pela reputação pessoal e profissional (III): Advogados devem evitar ações que possam comprometer sua integridade profissional ou pessoal, mantendo uma conduta exemplar tanto na vida privada quanto na prática legal.
- Empenhar-se no aperfeiçoamento pessoal e profissional (IV): A advocacia exige aprendizado e desenvolvimento contínuos, incentivando os advogados a se manterem atualizados com as leis, doutrinas e melhores práticas, assegurando a representação competente dos clientes.
- Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis (V): Os advogados têm a responsabilidade de participar ativamente de iniciativas que promovam a justiça social, a evolução legislativa e a integridade das instituições jurídicas.
- Estimular a conciliação e a mediação entre os litigantes (VI): Antes de recorrer ao litígio, os advogados devem explorar todos os meios possíveis de resolução alternativa de conflitos, favorecendo soluções amigáveis e eficientes.
- Desaconselhar lides temerárias (VII): É imperativo que os advogados desencorajem ações legais frívolas ou sem fundamentação jurídica, promovendo o uso responsável e consciente do sistema judiciário.
- Abster-se de condutas impróprias (VIII): Inclui evitar o uso de influência indevida, não associar seu nome a empreendimentos questionáveis, recusar-se a apoiar atividades antiéticas ou imorais, e manter o decoro no trato com todas as partes envolvidas em uma ação legal, respeitando as normas e a ética profissional.
- Pugnar pela solução dos problemas da cidadania (IX): O advogado deve utilizar seu conhecimento e habilidades para promover os direitos humanos, a justiça social e resolver questões relativas à cidadania.
- Adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à administração da Justiça (X): A conduta do advogado deve refletir sua posição única e crítica no sistema de justiça, operando com responsabilidade, respeito e diligência necessários.
- Cumprir encargos assumidos na OAB ou na representação da classe (XI): Os advogados devem honrar todos os compromissos e responsabilidades assumidos perante a OAB e seus colegas, contribuindo para a coesão e o respeito mútuo dentro da profissão.
- Zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia (XII): Isso inclui a promoção e a proteção dos princípios éticos, normas e integridade associados à advocacia, garantindo que a conduta profissional esteja alinhada com os valores defendidos pela OAB.
- Ater-se, no exercício da função de defensor público, à defesa dos necessitados (XIII): Advogados, especialmente defensores públicos, devem dedicar-se à representação dos interesses dos menos favorecidos, assegurando que eles recebam defesa justa e igualitária perante a lei.
Estes deveres, detalhados e abrangentes, moldam a prática da advocacia, assegurando que cada advogado atue como um pilar de justiça, equidade e integridade dentro do sistema legal. Por meio da aderência estrita a essas responsabilidades, os advogados validam a confiança pública investida em sua profissão, reforçando o Estado Democrático de Direito e a proteção dos direitos
Mandamentos da Advocacia
Os mandamentos da advocacia são diretrizes fundamentais que norteiam a atuação dos profissionais de direito, garantindo que sua conduta esteja alinhada com os princípios éticos, a busca pela justiça e o respeito às leis. Abaixo, detalho cada um dos mandamentos propostos pelo Código de Ética e Disciplina:
- Lutar sem receio pelo primado da Justiça:
- Este mandamento enfatiza a coragem que o advogado deve ter ao buscar a justiça, sem ceder a pressões ou adversidades. Por exemplo, um advogado enfrenta um caso em que grandes corporações estão envolvidas em práticas ilegais que prejudicam a comunidade. Mesmo recebendo ameaças ou enfrentando tentativas de suborno, ele persiste em sua busca pela justiça.
- Pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que o ordenamento jurídico seja interpretado com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum:
- O advogado deve ser um defensor fervoroso da lei e da ordem constitucional, interpretando-as com integridade. Por exemplo, em uma situação onde uma nova política governamental infringe direitos constitucionais, o advogado se mobiliza para contestá-la, argumentando que, embora a intenção possa ser positiva, é crucial que a política esteja em consonância com a Constituição.
- Ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício:
- Este princípio exige honestidade e transparência em todas as ações do advogado. Por exemplo, um advogado descobre que seu cliente forneceu informações falsas. Em vez de compactuar com a mentira, ele decide reestruturar a defesa com base na verdade, mesmo que isso torne o caso mais desafiador.
- Empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos interesses:
- O advogado deve dedicar-se totalmente às causas de seus clientes. Por exemplo, ao representar um cliente em uma disputa trabalhista, o advogado realiza uma pesquisa meticulosa, prepara argumentos sólidos e busca todas as vias legais possíveis para garantir que os direitos do cliente sejam respeitados.
- Comportar-se, nesse mister, com independência e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos:
- O advogado não deve discriminar e deve servir com a mesma dedicação clientes de todos os estratos sociais. Em um caso, por exemplo, ele defende com igual zelo tanto o pequeno empreendedor quanto a grande empresa em diferentes situações, assegurando que ambos recebam tratamento justo e equitativo perante a lei.
- Exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve a finalidade social do seu trabalho:
- Este mandamento ressalta que a advocacia não deve ser guiada pela ganância. Por exemplo, um advogado opta por representar clientes pro bono que foram injustamente tratados, mesmo sabendo que não haverá ganho financeiro, demonstrando que a justiça está acima do lucro pessoal.
- Aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal:
- O advogado deve ser um eterno estudante do Direito e da ética. Isso é ilustrado, por exemplo, quando um advogado frequenta cursos, seminários e outras formas de educação continuada, mantendo-se atualizado sobre novas legislações, precedentes e práticas recomendadas, reforçando sua competência e integridade profissional.
- Agir com a dignidade e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe:
- Este mandamento enfatiza a necessidade de os advogados manterem uma conduta exemplar. Por exemplo, um advogado se recusa a participar de práticas que considera antiéticas, como a manipulação de informações ou a utilização de estratégias desleais, demonstrando que sua conduta ética é inabalável.
Estes mandamentos, através de seus exemplos, reforçam que a advocacia não é apenas uma profissão, mas um compromisso vitalício com a justiça, a ética e a verdade, servindo à sociedade e mantendo um equilíbrio justo e honesto no exercício dos direitos e deveres.
Princípios da Advocacia
Os princípios da advocacia estabelecem a base ética e de conduta para a prática legal, e cada um aborda aspectos cruciais da profissão, garantindo a integridade, a competência e a relação justa com os clientes e a sociedade em geral. Vamos explorar esses princípios com explicações e exemplos.
- Consciência do Direito como meio de mitigar desigualdades (Art. 3º do EAOAB):
- Explicação: Esse princípio reforça que o advogado deve reconhecer o papel do Direito em promover a justiça social e igualdade. O Direito não é apenas um conjunto de regras, mas um instrumento para equilibrar a sociedade, garantindo que todos recebam tratamento justo e igualitário.
- Exemplo: Ao trabalhar em casos pro bono para indivíduos desfavorecidos ou comunidades marginalizadas, um advogado usa seu conhecimento para corrigir injustiças e desigualdades, demonstrando que a lei serve ao propósito de justiça social.
- Zelo pela liberdade e independência (Art. 4º):
- Explicação: O advogado, mesmo quando empregado ou vinculado a uma entidade, deve manter sua integridade profissional, não permitindo que suas opiniões e representação legal sejam comprometidas por interesses externos.
- Exemplo: Um advogado que trabalha internamente para uma empresa escolhe se retirar de um caso quando a empresa tenta forçá-lo a defender práticas que contrariam seus princípios éticos ou legais.
- Não mercantilização da advocacia (Art. 5º):
- Explicação: Este princípio proíbe os advogados de tratar a profissão como um simples negócio comercial, priorizando o lucro em detrimento da ética e da justiça.
- Exemplo: Um advogado recusa a adoção de estratégias de marketing agressivas ou a prática de preços que visam explorar clientes em situações vulneráveis, mantendo a dignidade da profissão.
- Honestidade e boa-fé (Art. 6º):
- Explicação: Os advogados devem representar seus clientes com honestidade, nunca falseando deliberadamente os fatos ou usando de má-fé, seja em juízo ou procedimentos administrativos.
- Exemplo: Em um caso, um advogado descobre evidências que poderiam comprometer seu cliente. Em vez de ocultar a evidência ou criar uma narrativa falsa, o advogado apresenta a situação conforme ela é, mantendo-se fiel à verdade e à justiça.
- Proibição de angariar ou captar clientela (Art. 7º):
- Explicação: Este princípio veda a prática de solicitar clientes de maneira inapropriada, garantindo a preservação da dignidade e integridade da profissão.
- Exemplo: Um advogado evita oferecer seus serviços de forma invasiva ou através de promessas enganosas, e não usa casos de alto perfil apenas como uma plataforma para autopromoção.
- Princípio da confiabilidade (Art. 10 do Código de Ética e Disciplina):
- Explicação: Fundamental para a relação advogado-cliente, este princípio enfatiza a importância da confiança mútua. O advogado deve cultivar uma reputação de confiabilidade, conquistando a confiança de seus clientes através da competência, transparência e integridade.
- Exemplo: Quando um advogado percebe uma quebra de confiança com seu cliente, seja por dúvidas sobre a sinceridade do cliente ou por comportamento questionável, ele inicia uma conversa franca para resolver as questões. Se a confiança não for restaurada, o advogado pode optar por renunciar ou substabelecer o mandato, mantendo sua integridade e o princípio da confiabilidade.
Cada um desses princípios orienta os advogados a seguir padrões éticos elevados, garantindo que sua prática seja justa, honesta e em benefício da sociedade, reforçando o papel vital que desempenham na manutenção da justiça e do estado de direito.
Conclusão
A advocacia não é uma profissão comum; é um pilar fundamental na administração da justiça e na manutenção do estado de direito. Portanto, a importância de seguir os mandamentos, princípios e deveres estabelecidos para essa prática é imensa, tanto para a proteção dos direitos dos indivíduos quanto para a integridade das instituições jurídicas e sociais.
- Salvaguarda dos Direitos e Justiça Social: Os advogados são os principais intermediários entre os cidadãos e a justiça. Ao aderirem estritamente aos mandamentos e princípios éticos, garantem que os direitos sejam preservados e que a justiça seja acessível a todos, independentemente de status social, econômico ou cultural. Isso contribui para uma sociedade mais justa e equitativa, onde as leis funcionam verdadeiramente como instrumentos de equidade.
- Confiança Pública e Credibilidade Profissional: A adesão aos princípios éticos e aos deveres profissionais é crucial para manter a confiança do público na advocacia. As pessoas precisam acreditar que os advogados defenderão seus interesses de maneira honesta, competente e ética. Qualquer desvio pode não apenas prejudicar um cliente individual, mas também manchar a reputação da profissão inteira, diminuindo a confiança na justiça como um todo.
- Integridade do Sistema Legal: Advogados têm um papel significativo na interpretação, formação e aplicação da lei. Eles devem agir com integridade, refletindo a seriedade e a santidade do sistema legal. Isso significa evitar a corrupção, a decepção e a injustiça. Quando os advogados comprometem esse princípio, todo o sistema jurídico é enfraquecido, podendo levar à injustiça e à arbitrariedade.
- Auto-Regulação e Desenvolvimento Profissional: Uma forte adesão aos deveres e princípios éticos incentiva uma cultura de auto-regulação entre os advogados. Isso promove o desenvolvimento profissional contínuo, a competência e o aperfeiçoamento, o que é vital em uma profissão caracterizada por mudanças constantes nas leis e nas sociedades. Além disso, advogados que seguem um código ético rigoroso contribuem para elevar os padrões da prática legal para futuras gerações de profissionais do direito.
- Proteção contra Conflitos de Interesses: Os advogados frequentemente enfrentam situações que podem gerar conflitos de interesses. Seguir os mandamentos profissionais ajuda a protegê-los de situações em que seus interesses pessoais ou de terceiros possam comprometer sua integridade ou objetividade. Isso é crucial para garantir que os direitos do cliente sejam sempre a prioridade máxima.
Em resumo, para que a advocacia mantenha seu papel fundamental na sociedade, é imperativo que todos os advogados se comprometam com um alto padrão de conduta ética. Seguir os mandamentos, princípios e deveres não é apenas uma questão de cumprimento profissional; trata-se de assegurar que a justiça prevaleça em uma sociedade que confia em seus advogados para representar, defender e, o mais importante, honrar o sistema legal.