Receitas Públicas
23/06/2023Crédito Público
23/06/2023Conceito
Despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelo Estado para a manutenção e funcionamento de seus serviços, bem como para investimentos em infraestrutura e programas sociais. Esses gastos são financiados por meio de recursos públicos, que incluem impostos, taxas, contribuições e empréstimos.
Classificação
As despesas públicas podem ser classificadas de diversas formas, como por exemplo:
- Despesas Correntes: São aquelas destinadas à manutenção dos serviços públicos, como salários de servidores, custos de manutenção, entre outros.
- Despesas de Capital: São aquelas destinadas a investimentos ou formação de capital, como construção de escolas, hospitais, estradas, entre outros.
- Despesas Obrigatórias: São aquelas que o governo é obrigado a realizar por força de lei, como pagamento de aposentadorias e pensões.
- Despesas Discricionárias: São aquelas que o governo tem liberdade para decidir se realiza ou não, como investimentos em infraestrutura e programas sociais.
Teto dos Gastos Públicos
EC 95/2016
A Emenda Constitucional 95/2016, conhecida como Emenda do Teto dos Gastos, estabeleceu um limite para o crescimento das despesas públicas. Segundo essa emenda, as despesas do governo federal não podem crescer acima da inflação do ano anterior. Essa medida foi adotada com o objetivo de controlar o déficit público e a dívida pública.
No entanto, essa emenda tem sido alvo de críticas, pois limita o investimento do Estado em áreas essenciais como saúde, educação e assistência social. Além disso, a EC 95/2016 não resolve o problema estrutural do déficit público, que é o alto custo da dívida pública.
PEC Emergencial (EC 113-114/2022)
A PEC Emergencial, que resultou nas Emendas Constitucionais 113 e 114 de 2022, introduziu novas regras para o teto de gastos. Entre as principais medidas, está a possibilidade de redução de salários e jornada de trabalho de servidores públicos em caso de crise fiscal.
Essas medidas foram criticadas por representarem um ataque aos direitos dos servidores públicos e por não abordarem a questão do custo da dívida pública. Além disso, a PEC Emergencial foi vista como uma manobra eleitoreira do governo Bolsonaro, que buscava liberar recursos para programas sociais em ano de eleição.
Visão Crítica
A gestão responsável e eficiente dos gastos públicos é um elemento crucial para a estabilidade econômica e a sustentabilidade fiscal de qualquer país. No entanto, as medidas adotadas recentemente no Brasil, como a Emenda Constitucional 95/2016 e a PEC Emergencial (EC 113-114/2022), embora tenham como objetivo controlar o crescimento das despesas públicas, apresentam limitações significativas e têm gerado impactos sociais preocupantes.
A EC 95/2016, conhecida como Emenda do Teto dos Gastos, ao limitar o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior, restringe a capacidade do Estado de investir em áreas essenciais como saúde, educação e assistência social. Isso pode comprometer a qualidade e a efetividade dos serviços públicos, afetando principalmente a população mais vulnerável.
A PEC Emergencial, por sua vez, foi criticada por seu timing e motivação. Aprovada em um ano eleitoral, a medida foi vista por muitos como uma tentativa do governo Bolsonaro de liberar recursos para programas sociais com o objetivo de ganhar apoio popular, em detrimento de uma gestão fiscal responsável e de longo prazo.
Além disso, é importante ressaltar que a visão de que a dívida pública é o principal problema das finanças públicas brasileiras contrasta com a perspectiva keynesiana. Segundo a teoria keynesiana, em momentos de crise econômica, o Estado deve atuar como um agente de estímulo à economia, mesmo que isso signifique aumentar a dívida pública. O importante é que os recursos sejam investidos de maneira eficiente em áreas que promovam o crescimento econômico e o bem-estar social.
Portanto, ao invés de focar exclusivamente no controle da dívida, é fundamental que a gestão das despesas públicas seja feita de maneira equilibrada, considerando a necessidade de investimentos em áreas essenciais e a promoção do bem-estar social. Medidas que limitam o investimento em áreas essenciais ou que são motivadas por interesses políticos de curto prazo não contribuem para a construção de um país mais justo e desenvolvido.
A gestão responsável das despesas públicas não deve ser vista apenas como uma questão de limitar gastos, mas como uma questão de fazer escolhas estratégicas que promovam o desenvolvimento sustentável e a justiça social. Nesse sentido, é preciso questionar as medidas recentes de controle de gastos e buscar alternativas que permitam ao Estado cumprir seu papel de promotor do bem-estar social.
Conclusão
É fundamental que o Estado tenha um papel ativo na promoção do bem-estar social e na redução das desigualdades. Para isso, é necessário que as despesas públicas sejam geridas de forma responsável e transparente, e que sejam direcionadas para áreas que beneficiem a população, especialmente a mais vulnerável.
As medidas de controle de gastos, como a EC 95/2016 e a PEC Emergencial, devem ser avaliadas criticamente, levando em consideração não apenas a necessidade de equilíbrio fiscal, mas também o impacto social dessas medidas. Além disso, é necessário abordar o problema do alto custo da dívida pública, que consome uma grande parte do orçamento e limita a capacidade do Estado de investir em áreas essenciais.
Por fim, é inaceitável que medidas de controle de gastos sejam usadas como instrumentos de manobra eleitoreira. O orçamento público deve ser gerido de forma responsável e com o objetivo de promover o bem-estar de todos os cidadãos, e não de atender a interesses políticos de curto prazo.