Os partidos digitais e a emergência da extrema direita
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30/03/2023A política, entendida como a ação coletiva da sociedade e o controle do poder materializado no estado, está atualmente imersa em um processo de enclausuramento, principalmente causado pela economia neoliberal digital e pela crescente globalização. Essa situação impõe limites às possibilidades de ação coletiva, dificultando a transformação profunda da sociedade e a superação de seus problemas mais crônicos.
Os partidos de esquerda, atualmente, concentram-se em defender pautas importantes de intervenção estatal e de inclusão de grupos excluídos, mas enfrentam dificuldades para mobilizar propostas que questionem a economia de mercado e proponham outros arranjos econômicos. Paralelamente, os partidos de direita se dividem entre grupos liberais, que apoiam a economia de mercado e se opõem à intervenção estatal, e grupos conservadores, com pautas religiosas e tradicionalistas, algumas vezes contrárias ao capitalismo.
A digitalização da economia e da política inseriu as discussões políticas no cotidiano da população, ainda que dentro da clausura imposta pelo sistema. No entanto, essa discussão é controlada pelos algoritmos das empresas globais de tecnologia e por seus agentes políticos nacionais, que, na maioria das vezes, alcançam o poder com as pautas conservadoras de direita. Isso se deve ao seu potencial de gerar tensões discursivas e polarizar com os outros grupos, aumentando o engajamento.
Diante desse cenário, é preciso refletir sobre como ampliar as discussões políticas e sociais para além da clausura imposta pela economia neoliberal digital. Uma das possibilidades é a criação de fóruns digitais independentes da lógica de mercado, que possam debater de modo prioritário alternativas ao capitalismo, ainda que se aproveitando de seus avanços tecnológicos. Nesse contexto, a formação crítica da população é fundamental para promover o engajamento cidadão e a busca por soluções alternativas.
Outra possibilidade seria libertar os algoritmos em si das empresas privadas e convertê-los em instrumentos públicos para o planejamento da produção e da distribuição de bens. Isso poderia ajudar a mitigar os efeitos negativos do capitalismo, como a desigualdade e a exploração, e teria o potencial de finalmente libertar a humanidade da economia baseada unicamente na busca pelo lucro.
Além disso, é importante ressaltar a necessidade de cooperação internacional e de criação de políticas públicas que possam enfrentar os desafios impostos pela globalização e pelas desigualdades entre países. A implementação de ações conjuntas e a construção de alianças entre nações podem contribuir para a construção de um mundo mais justo e igualitário, onde a política possa realmente cumprir seu papel transformador.
Em suma, a política precisa ser repensada e reestruturada para superar a clausura atual e enfrentar os desafios do século XXI. Ao priorizar a discussão sobre alternativas ao capitalismo, buscar maneiras de utilizar a tecnologia para o bem comum e promover a cooperação internacional, é possível criar um caminho mais inclusivo e democrático na política. Isso permitirá enfrentar os desafios atuais e promover a transformação necessária na sociedade, de modo a ir além da clausura política imposta pela economia neoliberal digital e pela globalização. Com o engajamento da população aliado à construção de alianças entre nações, podemos construir um mundo mais justo, igualitário e sustentável para todos.