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25/03/2023As tensões entre o absolutismo e as necessidades do capitalismo nascente são um tema complexo e interessante na história. O absolutismo, como um sistema político no qual o poder está centralizado nas mãos de um único governante, foi importante para o surgimento e desenvolvimento do capitalismo. O Rei Absolutista desempenhou um papel crucial ao centralizar o poder estatal e enfraquecer os senhores feudais, unificar o território da nação e profissionalizar a gestão do Estado. No entanto, com o tempo, seu poder arbitrário acabou entrando em contradição com as necessidades econômicas do capitalismo nascente, especialmente a necessidade de certeza e segurança jurídicas.
Um exemplo dessa dinâmica pode ser encontrado na França do século XVII, sob o reinado de Luís XIV. O monarca, conhecido como o “Rei Sol”, centralizou o poder estatal e promoveu a unificação do território francês, criando as condições para um mercado interno mais integrado e o desenvolvimento do capitalismo. A política mercantilista adotada por Luís XIV e seu ministro das Finanças, Jean-Baptiste Colbert, incentivou a indústria e o comércio, enquanto a burocracia profissionalizada facilitou a gestão eficiente do Estado.
Apesar dessas medidas favoráveis ao capitalismo, o poder arbitrário do Rei Absolutista acabou gerando tensões. O capitalismo nascente buscava uma gestão previsível, com padrões definidos e regras claras para garantir a estabilidade econômica e a segurança jurídica. O absolutismo, por outro lado, permitia ao monarca tomar decisões unilaterais e imprevisíveis, o que gerava incerteza e insegurança para os comerciantes e empreendedores.
Um exemplo dessa contradição pode ser encontrado na Revolução Gloriosa na Inglaterra, em 1688. A revolta contra o rei absolutista Jaime II resultou na instalação de Guilherme III e Maria II como monarcas constitucionais, o que limitou o poder arbitrário da coroa e estabeleceu um sistema parlamentar com regras claras e previsíveis. Essa mudança política ajudou a criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra.
Outro caso histórico que exemplifica essa tensão é a Revolução Francesa de 1789. A revolta popular contra o absolutismo e o Antigo Regime levou à queda da monarquia e à criação da Primeira República Francesa. A Revolução Francesa estabeleceu um sistema político mais democrático e aberto, com leis claras e uma divisão de poderes, o que proporcionou um ambiente mais propício para o florescimento do capitalismo.
Em conclusão, a relação entre o absolutismo e as necessidades do capitalismo nascente é marcada por tensões e contradições. O Rei Absolutista desempenhou um papel importante no desenvolvimento do capitalismo ao centralizar o poder estatal, unificar o território nacional e profissionalizar a gestão do Estado. No entanto, seu poder arbitrário acabou entrando em conflito com as necessidades econômicas do capitalismo, sobretudo a necessidade de certeza e segurança jurídicas.
A história demonstra que o absolutismo foi um passo importante no processo de transição do feudalismo para o capitalismo, mas, ao mesmo tempo, revela que as contradições entre o poder arbitrário dos monarcas absolutistas e as necessidades do capitalismo nascente acabaram gerando tensões e conflitos. À medida que o capitalismo se desenvolveu, tornou-se cada vez mais importante estabelecer sistemas políticos e jurídicos mais previsíveis e estáveis, o que, em muitos casos, levou à limitação do poder absoluto dos monarcas e ao surgimento de sistemas políticos mais democráticos e representativos.